27/07/09
26/07/09
72. eu quero
25/07/09
16/07/09
69. a dor do passado
As formas vegetais do teu sorrir foram plantadas nos vasos das minhas veias.
Olhar para trás, pensar, contar, [esquece o pensar], seguir em frente, beijar, [voltar para trás], sorrir.
És a medida errada entre o amor e a dor. Já te vi através dos vidros desfocados de pano, cetim, seda, cobre, aço, ferro, mercúrio, água, fogo...sonhos. Os teus olhos são o que vai do pecar ao errar, do seguir ao partir, do matar ao matar-me.
Tens os traços apagados de uma escultura, os desejos amarelados do passado, e respirar-te o corpo não é nada mais do que sentir as unhas na pele, e da pele à carne, aos músculos, às veias, ao interior do abstracto minimalismo de chorar. Noções de espaço, toque, trocas, matéria, física, corpos, átomos, iões, catiões, carícias, beijos, feridas que vão abrindo sem doer. O meu caminho é o do chão, alcatrão, terra batida, tapetes vermelhos rasgados velhos, de te ver beber das palavras que entornas.
[Novo ponto importante] – Procurar objectos, coisas, corações, memórias, tempos, onde não estejas presente.
Voltar-me para os amores em que te impregnaste porque o fizeste sólido, inquebrável, irreversível, trivial, transparente. Eu escrevia, tu lias, e estar sentado, em pé, falar, olhar, ser, estar, ouvir, vem contigo, venho contigo, viciado na esperança alimentada e gasta.
[Voltando ao assunto] – A dor ficou sem as lágrimas, as palavras, tudo-o-que-eu-apaguei-para-te-tentar-esquecer, até perceber que o esquecimento abre um buraco que é teu, e te tem, e te mostra. [voltar para trás] A dor veio, sem lágrimas, as palavras, tudo-o-que-eu-apaguei-e-procurei-em-ti-para-te-lembrar-pelo-esquecimento, até perceber que...encontrei paz.
[Sorrir] – Paz.
[Chorar] – A paz não é felicidade. A paz é ter-te dentro de mim e não te remexer/tocar/olhar. É lembrar-te em silêncio, é sentir dor no sorrir, abraçar e não sentir. Paz de não gritar, correr, ser. Paz de não viver. Essa paz é a calma que o teu sorriso já não me traz, a violência doce com que me eras, a insanidade da necessidade de te ser, tocar, ouvir.
A paz é não te ter e a certeza que nunca te terei.
5 agosto, 2008